24/01/2014

Tecnologia verde, vantagens e desvantagens

Pensar verde é uma tendência crescente e com as TI o movimento tem sido idêntico. A eficiência energética, as substâncias usadas no fabrico dos equipamentos e a existência de programas de reciclagem são cada vez mais, aspectos centrais numa decisão de compra informada, no consumo e nas empresas.

A maior parte dos especialistas em energia acredita que o aquecimento global seja uma ameaça séria e que a tecnologia verde tem condições de reformar os procedimentos fundamentais do sector energético. Porém, no estágio inicial em que as coisas se encontram, especialistas e investidores sentem dificuldade em separar a verdade do exagero no respeita aos benefícios que a tecnologia verde poderá proporcionar.

Como noutras áreas do mercado, investimentos que à partida poderiam parecer mais exigentes e pouco justificados ganharam quórum com o passa-palavra de experiências bem-sucedidas e a utilização das ferramentas que permitem medir e comparar eficiências. Há ainda a considerar outro ponto a favor do verde numa decisão de investimento, fabricar verde é cada dia que passa mais barato, logo, cada vez mais fácil de provar. Tornou-se um imperativo para qualquer fabricante mostrar a sua preocupação a este nível e dar ao cliente garantias de eficiência nas suas linhas de produtos.

Para as empresas implementarem estratégias ambientais ao nível das TI, é necessária a visibilidade das despesas energéticas; cerca de 65% das empresas pagam a conta de electricidade sem a darem a conhecer aos vários departamentos, embora o cenário esteja a mudar e as empresas estão a tomar consciência de que os seus data center consomem tanta energia e produzem tanto CO2 como a indústria de aviação. Esta visibilidade pode ser propagada de várias formas, mas o essencial é as organizações medirem o consumo de energia no data center e nas várias partes deste ambiente. De acordo com alguns estudos, 60 a 65% da energia consumida nestes espaços destina-se aos sistemas de cooling e às UPS, enquanto os restantes 30 a 35% são gastos pelos outros equipamentos de TI.

A ideia que suporta o conceito Green IT é a de eficiência, ou seja, mais do que os desempenhos operacionais, estão em causa os níveis de eficiência energética de todos os recursos computacionais existentes nas organizações, em especial os que asseguram os data center. A virtualização dos data center é um dos passos determinantes na estratégia “green”. A correlação entre o estatuto de empresa amiga do ambiente e a obtenção de mais negócio é uma consequência natural da evolução das mentalidades,hoje em dia muitos clientes e parceiros olham com especial atenção para as empresas que implementam as chamadas políticas verdes e muitos privilegiam esta consciência ambiental na hora de decidir ou escolher.

Com responsabilidade no lançamento do primeiro Green PC na década de 90, a Fujitsu Siemens Computers é uma das empresas que mais têm investido na comunicação de uma imagem verde. A empresa começou por fazê-lo para responder às necessidades e receptividade do mercado japonês a estes temas, mas hoje, mesmo nos países do sul da Europa, nomeadamente Portugal, cresce a sensibilidade para estas matérias. Além das etiquetas que dão pistas sobre o empenho de cada fabricante na eficiência energética e do marketing há números que dão pistas do valor de algumas das mais recentes tecnologias e das poupanças que permitem. A gama de servidores Primergy é o grande cartão de visita da Fujitsu Siemens para a eficiência energética. O fabricante garante que podem permitir poupanças de energia até 40% face aos valores standard do mercado.

A HP acena com a tecnologia blade systems c-class para prometer um aumento de 50% do número de servidores no mesmo espaço, com redução de 25% nos sistemas próprios de arrefecimento e de 30% nos consumos energéticos. Lembra ainda que os processos de consolidação no storage permitem poupanças a nível energético na ordem dos 45% e que nos servidores as técnicas de virtualização podem resultar em melhorias ao nível dos consumos energéticos na ordem dos 70%.

A EMC também aponta para os 50 por cento as poupanças possíveis com sistemas verdes na comparação com o uso de sistemas tradicionais, graças à utilização de tecnologias optimizadas para a poupança como discos de baixo consumo e elevada capacidade, flash drives ou mecanismos para activação de stand-by automático de componentes.

Face a números tão aliciantes e uma necessidade crescente das organizações para optimizar custos é legítimo perguntar se o sentimento de crise que dominou a economia mundial pode ser aliado de peso de uma consciência ambientalmente mais responsável; não se deve sobrevalorizar a crise, que obviamente poderá funcionar como alerta também a nível do IT, pois desde sempre as organizações procuram optimizar os investimentos realizados nesta área. A crise realça alguns aspectos particulares em termos de eficiência, que passam pela procura de melhor optimização dos recursos disponíveis e redução de custos operacionais, por exemplo, através da implementação de soluções de gestão de recursos que incluam o máximo de automatismos.

O grande desafio da orientação “going green”, embora benéfica do ponto de vista financeiro e ambiental, resulta dos incentivos que as empresas beneficiam, para não partilharem essas tecnologias inovadoras e assim ganharem vantagens competitivas. Por exemplo a Google tem a sua tecnologia de virtualização que não quer partilhar e é reservada no que respeita à infra-estrutura dos seus data centres. Podem surgir dificuldades para uma empresa, em “ser amiga do ambiente” em outras áreas e assim não sabemos a que outros métodos a empresa recorre, por exemplo para economizar energia, bem como para conservar a imagem de quanto “verde” é.



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